No ranking global de energia, um país se destaca. A China é o mais faminto consumidor mundial de energia – exigindo o equivalente energético de quase 3,3 bilhões de toneladas de petróleo no ano passado. Desde 2011, tem queimado mais carvão do que todos os outros países juntos. E a sua dependência deste combustível fóssil soma-se: A China emite cerca de um quarto dos gases de estufa do mundo, a maior parte de qualquer país.
Mas estes números são apenas uma parte da história: A China é também o mais prolífico produtor mundial de energia eólica, com capacidade para produzir mais do dobro do segundo maior gerador do mundo, os Estados Unidos. E tem cerca de um terço da capacidade mundial de geração de energia solar, construindo mais sistemas no ano passado do que qualquer outro país.
Crescimento rápido da sua população e economia ao longo de décadas, combinado com uma enorme indústria transformadora e a migração em massa para cidades iluminadas por ruas e aquecidas centralmente, transformaram a China numa nação faminta de energia. Reconhecendo essa fome e os danos que uma dependência a longo prazo dos combustíveis fósseis teria, o governo chinês fez planos para atender às necessidades energéticas do país. E a ciência e a tecnologia – em campos como tecnologias de baterias, fotovoltaicos e gestão de energia – estão no centro desses planos.
Uma redução na demanda líquida de energia não faz parte da política, mesmo com a mudança do mix energético da China. De acordo com a empresa de energia BP, em 2018 a China representava 24% do consumo global de energia. A empresa estima que, até 2040, a China ainda estará no topo da lista e responderá por 22% do consumo global.
O país fez investimentos maciços em energias renováveis, depositando 0,9% do seu produto interno bruto (PIB) no setor em 2015 – o terceiro maior montante mundial, depois do Chile e da África do Sul, que investiram 1,4% do PIB cada um. Ainda assim, apenas 23% da energia que a China consome é de fontes “limpas” (incluindo gás natural), enquanto quase 58% foi de carvão em 2019 – a mais poluente das opções que ainda são utilizadas em larga escala em todo o mundo. (Grande parte da energia restante da China vem do petróleo e da energia nuclear.)
A queima de carvão e outras fontes não renováveis para saciar a fome de energia do país se tornou um problema visível, com grandes cidades como Pequim muitas vezes inundadas por um denso smog. A poluição do ar tornou-se tão ruim em algumas partes da China em 2013 que a mídia a chamou de airpocalypse, com os cidadãos suportando níveis de partículas até 30 vezes maiores do que os considerados seguros pela Organização Mundial da Saúde. E, apesar dos esforços para combater a questão, 48 cidades chinesas ainda estão entre as 100 mais poluídas do mundo.